O início do ano letivo em Belo Horizonte traz um novo desafio para escolas, pais e alunos: a implementação da Lei n° 15.100/2025, que restringe o uso de celulares durante as aulas e intervalos. Essa legislação, que entrou em vigor em 13 de janeiro, visa promover um ambiente escolar mais produtivo e menos disperso. Com a volta às aulas, surgem dúvidas sobre como essa nova regra será aplicada e quais serão suas consequências para a dinâmica escolar e familiar.
Na rede municipal de ensino, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) organizou uma reunião com diretores e profissionais da educação para discutir a nova legislação. O objetivo foi estabelecer orientações pedagógicas que ajudem a comunicar a importância da restrição do uso de telas. A Smed enfatizou que o trabalho com crianças e adolescentes sobre o uso excessivo de dispositivos começará no início do ano letivo, promovendo um diálogo aberto sobre o tema.
A simples implementação da lei sem um diálogo adequado é uma preocupação entre educadores. No Colégio Arnaldo, a orientadora educacional planejou conversas com os alunos para abordar os benefícios de se afastar das telas. A ideia é trabalhar questões emocionais e afetivas, ajudando os estudantes a entenderem a importância da medida. A comunicação clara é vista como essencial para que a proibição não seja percebida como uma imposição, mas sim como uma oportunidade de aprendizado.
As escolas também estão se preparando para campanhas de conscientização. No Colégio Santo Agostinho, a abordagem será gradual, mantendo um diálogo constante com os alunos. O supervisor pedagógico da instituição acredita que a mudança deve ser feita de forma calma e progressiva, evitando uma transição abrupta que possa gerar resistência. Essa estratégia visa garantir que os estudantes compreendam a importância da nova legislação e se sintam parte do processo.
A Lei n° 15.100/2025 estabelece que o uso de celulares nas escolas é permitido apenas para fins pedagógicos ou em situações de emergência. No entanto, a legislação não especifica como a restrição deve ser aplicada, deixando essa responsabilidade a cargo das instituições de ensino. Algumas escolas, como a Olimpo, optaram por não recolher os celulares, permitindo que os alunos os mantenham guardados. Outras, como o Colégio Sagrado Coração de Jesus, já implementam a coleta dos aparelhos em uma caixa fechada.
A nova legislação é bem recebida por muitos pais, que veem a restrição como uma forma de proteger a infância de seus filhos. Mariana Uchoa, uma das fundadoras do Movimento Desconecta, destaca a importância de limitar a exposição das crianças a dispositivos móveis. A iniciativa surgiu de conversas entre mães preocupadas com os efeitos negativos do uso excessivo de celulares. O movimento busca criar um ambiente mais saudável para as crianças, onde a interação social e o brincar sejam priorizados.
Para que a implementação da lei seja bem-sucedida, o apoio das famílias é fundamental. Profissionais da saúde e da educação ressaltam que não adianta apenas a escola se esforçar se, em casa, as crianças continuam expostas a telas. A colaboração entre escola e família é essencial para garantir que os alunos compreendam a importância da restrição e se sintam apoiados em suas novas rotinas. O diálogo aberto entre pais e educadores pode facilitar a adaptação dos alunos a essa nova realidade.
Por fim, a restrição do uso de celulares nas escolas pode ajudar a combater a nomofobia, o medo de ficar sem o celular. A psiquiatra Julia Khoury alerta que a dependência de dispositivos móveis é crescente entre crianças e adolescentes. A medida pode ser benéfica para a saúde mental e física dos alunos a longo prazo, promovendo um ambiente escolar mais saudável. A redução do acesso constante aos celulares pode ajudar a diminuir comportamentos impulsivos e a promover uma melhor qualidade de vida para os estudantes.