Conforme evidencia Paulo Twiaschor, nas últimas décadas, o crescimento populacional acelerado e a concentração urbana têm pressionado severamente os sistemas habitacionais em grandes cidades ao redor do mundo. A disparidade entre a oferta e a demanda por moradias acessíveis tornou-se uma questão urgente, impulsionada por fatores como migração interna, aumento do custo dos terrenos e falhas em políticas públicas de habitação.
As populações vulneráveis — especialmente jovens, trabalhadores informais e famílias de baixa renda — são as mais afetadas, frequentemente relegadas a habitações precárias ou a áreas periféricas mal servidas por infraestrutura. Essa realidade não apenas agrava a desigualdade social, mas também intensifica a pressão sobre os centros urbanos, que enfrentam desafios para oferecer moradia digna de forma rápida, escalável e sustentável.
Como a construção modular se diferencia da construção tradicional?
De acordo com Paulo Twiaschor, a construção modular é um método industrializado em que grande parte da estrutura da edificação é pré-fabricada em módulos dentro de fábricas e posteriormente transportada para o local de montagem. Diferente da construção tradicional, esse modelo permite maior controle de qualidade, menor desperdício de materiais e significativa redução nos prazos de entrega.
O tempo de obra no canteiro pode ser reduzido em até 50%, o que é especialmente importante em áreas urbanas onde o espaço, o ruído e a interferência na rotina da cidade são preocupações constantes. Além disso, a modularização facilita a padronização e a repetição de modelos habitacionais, o que reduz custos e permite escalabilidade — fatores essenciais quando se busca responder rapidamente à escassez de moradias acessíveis.
Quais são os benefícios sociais da adoção da construção modular?
Ao tornar possível a construção de moradias em larga escala, de forma mais rápida e com menor custo, a construção modular tem potencial de ampliar significativamente o acesso à habitação digna. Isso não se limita apenas à quantidade de moradias, mas também à sua qualidade e sustentabilidade. Com projetos bem planejados, é possível criar comunidades inteiras com infraestrutura adequada, acesso a transporte público e integração ao tecido urbano existente.

Paulo Twiaschor explica que a redução dos custos de construção também permite redirecionar recursos para serviços complementares, como áreas verdes, escolas, postos de saúde e centros comunitários, contribuindo para a construção de bairros mais resilientes e inclusivos. Essa abordagem pode transformar o enfrentamento da crise de moradia em uma oportunidade de regeneração urbana.
A construção modular é realmente sustentável?
Sim, e essa é uma das suas maiores vantagens. A fabricação em ambiente controlado permite uma gestão mais eficiente dos materiais, com menores perdas e menor geração de resíduos em comparação à construção convencional. Além disso, muitos sistemas modulares utilizam materiais recicláveis ou de baixo impacto ambiental e podem ser projetados com foco em eficiência energética, iluminação natural e ventilação cruzada.
Outro ponto relevante é a flexibilidade: os módulos podem ser desmontados e reutilizados em novos projetos, evitando demolições desnecessárias e prolongando o ciclo de vida dos materiais. Para Paulo Twiaschor, em um contexto global de urgência climática, soluções que unem sustentabilidade ambiental à inclusão social são não apenas desejáveis, mas indispensáveis.
Por fim, Paulo Twiaschor destaca que programas de habitação de interesse social, como o antigo “Minha Casa, Minha Vida” (hoje Casa Verde e Amarela, no Brasil), podem incorporar essa tecnologia como diretriz, garantindo escala e continuidade. Além disso, o poder público pode liderar parcerias com empresas e organizações da sociedade civil para garantir que os projetos modulares não apenas construam casas, mas comunidades inteiras.
Autor: Demidov Lorax