A presença de infraestrutura verde nas zonas de transição entre o rural e o urbano tem se tornado um fator decisivo para o desenvolvimento sustentável e equilibrado desses territórios. Segundo o empresário Aldo Vendramin, a expansão desordenada das cidades e o avanço do setor agropecuário precisam ser repensados de forma integrada, com foco na proteção ambiental, no bem-estar social e na manutenção da funcionalidade dos ecossistemas. Esses espaços de borda, onde campos e cidades se encontram, concentram desafios específicos e exigem soluções inteligentes que conciliem produtividade com preservação.
As áreas de transição representam um elo vital entre o campo produtor e os centros urbanos consumidores. É onde ocorrem processos intensos de urbanização, pressão sobre o solo, descaracterização de áreas agrícolas e perda de biodiversidade. A adoção de estruturas verdes — como corredores ecológicos, sistemas agroflorestais, zonas úmidas restauradas e parques lineares — permite criar uma camada de resiliência nessas regiões, atuando não apenas como instrumentos ambientais, mas também como mecanismos sociais e econômicos que aumentam a qualidade de vida da população.

Função estratégica da infraestrutura verde nos territórios de transição
A aplicação de infraestrutura verde em zonas de transição atua como um regulador ambiental, equilibrando os impactos da urbanização e da produção agropecuária. A criação de cinturões verdes, por exemplo, ajuda a controlar o crescimento urbano desenfreado, mantendo áreas de cultivo próximas às cidades e reduzindo o transporte de alimentos. De acordo com Aldo Vendramin, essa proximidade favorece sistemas como a agricultura urbana e o abastecimento direto, fortalecendo as economias locais e promovendo segurança alimentar.
Além disso, essas estruturas cumprem funções ecológicas fundamentais. Áreas de vegetação permanente ajudam a manter o ciclo hidrológico, evitam enchentes, melhoram a infiltração da água no solo e servem como habitat para polinizadores e outras espécies essenciais à produtividade agrícola. Sistemas naturais restaurados também reduzem ilhas de calor e melhoram a qualidade do ar, o que se reflete diretamente na saúde das populações que vivem nesses territórios híbridos.
Conectividade, acessibilidade e múltiplos benefícios
Uma das principais vantagens da infraestrutura verde é sua capacidade de gerar benefícios múltiplos com um único investimento. Uma faixa de vegetação pode funcionar simultaneamente como proteção de mananciais, área de lazer, espaço de educação ambiental e elemento paisagístico. Conforme ressalta Aldo Vendramin, esse caráter multifuncional é especialmente importante em zonas de transição, onde os recursos são muitas vezes limitados e a pressão sobre o solo é intensa.
Quando bem planejada, a infraestrutura verde promove conectividade ecológica entre fragmentos naturais, facilitando o deslocamento da fauna e garantindo a continuidade dos processos ecológicos. Do ponto de vista urbano, essas conexões também oferecem alternativas seguras para mobilidade ativa, como ciclovias e passagens para pedestres, além de integrar comunidades, reduzir desigualdades e valorizar áreas periféricas que normalmente sofrem com a falta de investimento público.
Desafios de implementação e caminhos possíveis
Apesar de sua relevância, a implementação da infraestrutura verde em zonas de transição ainda encontra obstáculos. Entre eles, destacam-se a falta de regulamentação específica, a dificuldade de articulação entre diferentes níveis de governo e a carência de incentivos para que proprietários privados adotem práticas compatíveis com a preservação ambiental. A experiência do senhor Aldo Vendramin mostra que é possível superar essas barreiras com projetos colaborativos que envolvam poder público, setor produtivo e sociedade civil.
Parcerias com universidades, cooperação entre secretarias municipais e estaduais, e programas de pagamento por serviços ambientais são exemplos de mecanismos que podem impulsionar essa agenda. Também é necessário rever os instrumentos de planejamento urbano e rural, incorporando a infraestrutura verde como um componente obrigatório e não como um acessório opcional. O investimento em soluções baseadas na natureza deve ser reconhecido como uma ação estratégica para o futuro das cidades e do campo.
Autor: Demidov Lorax