A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados deu um passo importante ao aprovar o Projeto de Lei 5499/23. Esta proposta, de autoria do deputado João Daniel (PT-SE), visa criar uma política nacional de proteção às pessoas neurodivergentes, abrangendo condições como transtorno do espectro do autismo (TEA), déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e dislexia, entre outras.
O relator do projeto, deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG), enfatizou a importância de reconhecer as diferenças neurológicas não como desvios ou doenças, mas como variações naturais da condição humana. Ele destacou que essas diferenças podem ser benéficas em diversos campos, como ciência e artes, ressaltando a riqueza que a diversidade neurológica traz à experiência humana.
A política proposta tem como objetivo não apenas proteger, mas também promover a inclusão e a acessibilidade das pessoas neurodivergentes. Busca-se melhorar as condições para o funcionamento cognitivo, emocional e comportamental desses indivíduos. Entre as diretrizes estabelecidas estão o incentivo à formação de profissionais especializados, o estímulo à educação em ambiente inclusivo e a inserção no mercado de trabalho formal.
No âmbito da saúde, o projeto determina que nenhum plano de saúde privado poderá negar autorização para atendimento especializado a pessoas neurodivergentes. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) deverá oferecer atendimento especializado a esse grupo.
A proposta também aborda questões educacionais e de inclusão no mercado de trabalho. Em vestibulares e concursos públicos que já possuem cotas para pessoas com deficiência, a mesma medida deverá ser aplicada às pessoas comprovadamente neurodivergentes.
O projeto prevê incentivos para empresas que implementem medidas inclusivas e valorizem profissionais neurodivergentes. Além disso, estabelece como crime correlato ao racismo a discriminação e o preconceito contra pessoas neurodivergentes, instituindo também o dia 30 de maio como o Dia Nacional de Luta da Pessoa Neurodivergente.
O caminho para a aprovação final do projeto ainda é longo. Ele tramita em caráter conclusivo e será analisado por diversas comissões, incluindo as de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; Educação; Saúde; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania.
Para se tornar lei, a proposta precisa ser aprovada tanto pelos deputados quanto pelos senadores. Este projeto representa um avanço significativo na busca por uma sociedade mais inclusiva e consciente das necessidades e potencialidades das pessoas neurodivergentes.